Diniz de Minas Gerais: o ramo de Domingos Diniz Couto

O casal Antônio Soares Diniz, o "Totó"
(1870-1934), e Amélia Cândida Diniz
(1870-1946), primos em primeiro grau,
residentes na Fazenda da Cachoeira
de Cima, em Esmeraldas. A fazenda foi
construída pelo pai de Antônio, José
Antônio Diniz Moreira (1829-1907),
citado neste texto. Amélia era neta
de outro Antônio Soares Diniz, dono
da fazenda do Andrequicé, em
Taquaraçu. Fotos gentilmente
enviadas por Célia Diniz Melo.

As famílias Diniz descendem de portugueses. Mas há várias distintas, originárias de diferentes pessoas que emigraram de Portugal para o Brasil. O historiador Antônio Gabriel Diniz relatou, no inicio dos anos 1960, que contou mais de 20 só em Minas. Uma das mais documentadas é a que descende de Domingos Diniz Couto (1716-1763), português nascido em Vila Meã, na freguesia de Monte Córdova, a cerca de 40 km a noroeste da cidade do Porto. Ele viveu em Minas a partir de 1738 e se estabeleceu na Fazenda da Boa Viagem, perto de Contagem. Seus descendentes se espalharam por lugares como Esmeraldas, Curvelo e Pará de Minas.

Os Filhos -  Conhece-se o nome de seis filhos de Domingos Diniz Couto[8] e a descendência parcial de três:

1. Manuel Antônio Diniz, casado com Teresa Antunes de Sousa. Descendência conhecida; daqui descendem parte dos Diniz de Esmeraldas e de Contagem.

2. Antônio Soares Diniz (1755-    ), casado com Bárbara Severina da Conceição (1759-    ). Descendência conhecida; daqui descendem parte dos Diniz de Esmeraldas, Contagem e Pará de Minas, além dos de Curvelo .

3. Domingos Diniz Couto (1748-    ), casado com Maria Rita da Conceição (1751-    )

4. Maria Soares Diniz (    -1833), casada com Antônio Marques Reis. O casal não teve filhos e Maria faleceu em Contagem.

5. Ana Joaquina Diniz, casada com Domingos José da Costa

6. Catarina Soares Diniz, casada com Francisco Xavier de Almeida. Filhos: Francisco de Sales Almeida; Maria Rita; Ana Floripes.[2]


Os Diniz de Curvelo - Um dos filhos de Antônio Soares Diniz, chamado Domingos Diniz Couto como o avô e apelidado de "Domingos das Laranjeiras", filho de Antônio Soares Diniz, foi parar em Curvelo. Um de seus filhos, conhecido como "coronel Domingos Diniz Couto", foi até lá para administrar as fazendas de um padre conhecido seu e acabou se casando com a irmã desse padre. Esse filho se tornou um dos maiores latifundiários da região de Curvelo. Outros membros da família o seguiram, inclusive seu pai, o Domingos das Laranjeiras. Alguns descendentes se envolveram com a política local. [3]

Parte da descendência de Domingos das Laranjeiras está descrita no site de genealogia de Roberta Ferreira da Silva. Vários membros dessa família se casaram com membros da família Mascarenhas, com genealogia descrita no livro de Paulo Tamm, "Uma dinastia de tecelões", publicado pela primeira vez em 1940. Este livro serviu de base para o livro "Genealogia da família Mascarenhas 1824-1889", de 1990, publicado pela Companhia Cedro e Cachoeira, que foi de propriedade dos Mascarenhas.


Os Diniz de Esmeraldas (Cachoeira) - Outro filho do primeiro Domingos Diniz Couto, Manuel Antônio Diniz, teve uma trajetória peculiar. Foi parar no norte de Minas, na freguesia de "Imaculada Santa Ana de Morrinhos" ou de "Contendas", dependendo do documento. Não consegui encontrar tal freguesia, mas creio que se trata da região da atual Brasília de Minas. Ali se casou e em 1775 teve o filho Floriano Antônio Diniz (1755-1840).

Mais tarde, a família voltou. Floriano construiu perto de Esmeraldas a Fazenda da Cachoeira, provavelmente por volta de 1819 ou um pouco antes. Dali se originam este ramo dos Diniz de Esmeraldas (ali há também vários descendentes do português Manuel Pinheiro Diniz). O pesquisador Jaime José Diniz descreveu sua descendência em uma série de artigos para o jornal "O Esmeraldense"[9].

Floriano só teve dois filhos varões e uma moça, Rita Marcelina. A Fazenda da Cachoeira foi dividida entre esses dois filhos, cada um de um de seus dois casamentos. Floriano Antônio Diniz Moreira (1820-1899), do primeiro, ficou com a Fazenda da Cachoeira de Baixo, e José Antônio Diniz Moreira (1829-1907), do segundo matrimônio, ficou com a Fazenda da Cachoeira de Cima.


Os Diniz de Pedro Leopoldo - Em Pedro Leopoldo, há Diniz descendentes dos Diniz de Curvelo e também de Esmeraldas. Entre estes últimos há os descendentes de Ulisses Soares Diniz (1907-1988), neto de José Antônio Diniz Moreira da Fazenda da Cachoeira de Baixo  - Ulisses era filho do fazendeiro Antônio Soares Diniz (1870-1934), conhecido como "Totó", e de sua prima, Amélia Cândida Diniz (1870-1946). Ao contrário do resto da família, Ulisses tornou-se comerciante e morou no povoado de Tijuco, dentro do município de Esmeraldas. Com seu quinhão da Fazenda da Cachoeira, fez um sítio, chamado "Sítio do Máximo", em homenagem a um escravo com esse nome e muito amigo da família no fim do século XIX e início do XX. Em meados da década de 1940, transferiu-se para Pedro Leopoldo, para que seus filhos pudessem estudar além do ensino primário, que era só o que então existia no Tijuco. Na geração seguinte, parte da família espalhou-se também para Brasília, Curitiba e São Paulo.

Outro ramo de Esmeraldas que foi para Pedro Leopoldo são os descendentes de Maria da Conceição Diniz (1887-1969), bisneta de Ana Joaquina Diniz, que aparece na lista dos filhos do português Domingos Diniz Couto no começo deste texto. Maria da Conceição nasceu em Capim Branco e foi a Pedro Leopoldo com seu marido, José Eugênio Barbosa (1876-1944). Era filha de José Antônio Diniz (c.1853-1931) e de Maria Cecília Diniz Pereira (1856-1893), que moraram em Matozinhos; e neta parterna de Antônio José Diniz Costa, este filho da dita Ana Joaquina Diniz. Mais recentemente, parte desta família também se espalhou para outros estados, como São Paulo [10].

Os Diniz de Pará de Minas - Descendem de uma filha de Antõnio Soares Diniz, Maria Isabel Diniz, que se casou com Antônio Alves do Vale, dono da Fazenda da Lagoa de Cima, perto de Pará de Minas. Sua descendência está descrita em Almeida (1991) [4]; os ascendentes de Antônio Alves do Vale estão em Campos (1900) [5].

Clique na imagem para vê-la em tamanho maior. Origens dos Diniz de Esmeraldas, Pedro Leopoldo, Curvelo e Pará de Minas. Clique na imagem para vê-la em tamanho maior. Os Diniz de Contagem não estão representados aqui; o próprio tronco Domingos Diniz Couto morava em Contagem e muitos dos seus descendentes permanecem lá até hoje.

Referências:

[1] DINIZ, Antônio Gabriel, "Pinheiro Diniz - Soares Diniz". Jornal "Centro de Minas", Curvelo, MG, número 29 (fevereiro de 1958).

[2] DINIZ, Antônio Gabriel, "Pinheiro Diniz - Soares Diniz". Jornal "Centro de Minas", Curvelo, MG, número 30 (março de 1958).

[3] CARVALHO, André; Mafra, Marcelo, "Dicionário do poder público municipal de Curvelo". Belo Horizonte, Armazém de Ideias (1996).

[4] ALMEIDA, Theóphilo de, "Dos Diniz e Silva aos Paivas de Almeidas, Moreiras, Varelas, Guimarães, Vilaças - em Pará de Minas". In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, volume XXI, 1986-1991. Belo Horizonte, Minas Gerais. Imprensa Oficial, 1991, pp. 355-368.

[5] CAMPOS, Arthur, "Traços genealógicos", Imprensa Oficial da Câmara Municipal, Entre Rios, MG, 1900.

[6] TAMM, Paulo, "Uma dinastia de tecelões", Belo Horizonte, 1960 (2ª edição).

[7] MASCARENHAS, Décio Magalhães (org.), "Genealogia da família Mascarenhas 1824-1889", Companhia de Fiação e Tecidos Cedro e Cachoeira, Belo Horizonte, 1990

[8] Testamento de Maria Soares Tavares (1795). Arquivo do Museu do Ouro (IPHAN), Sabará, MG. Livro de testamentos 51, folha 93, verso.

[9] DINIZ, Jaime José, "Traços genealógicos". In: Jornal "O Esmeraldense", Esmeraldas, MG, números 11 a 22, de agosto de 1961 a julho de 1962, especialmente número 14.

[10] ARAÚJO, Vânia Lúcia de Oliveira. Informações comunicadas ao autor.